Níveis de carreira

A terminologia usada no mundo acadêmico varia de país para país, o que pode gerar uma certa confusão. Por essa razão, decidi adicionar este guia ao meu site. Focarei somente em quatro países.

Progressão de carreira

Vamos a uma rápida comparação entre os níveis de carreira mais comuns para vagas permanentes no Brasil, EUA e Canadá, Québec, e Reino Unido (RU).

# Brasil EUA/Can Québec RU
1 Professor adjunto Assistant professor Professeur adjoint Lecturer
2 Professor associado Associate professor Professeur agregé Senior lecturer
3 Professor titular (Full) professor Professeur titulaire Reader

Além da tabela acima, é preciso esclarecer que o sistema do Reino Unido tem uma variação em sua nomenclatura. Algumas universidades têm adotado a nomenclatura norte americana; outras têm “pulado” o nível Reader e ido direto para Professor. Tradicionalmente, contudo, o título Professor no Reino Unido está acima de Reader, e não tem um equivalente óbvio no sistema norte americano—uma opção seria equiparar Professor no Reino Unido a Distinguished professor, por exemplo. Ou seja, Professor seria um “nível 4” na tabela acima (similar, mas não igual, ao termo “Livre docente” no Brasil).

Quanto tempo leva para progredir?

Tudo depende. Em média, contudo, um professor é adjunto (nível 1) por 4–7 anos até passar ao nível de professor associado (nível 2). Para passar ao nível 3, é feita uma análise geral do currículo do professor associado. Em algumas universidades norte americanas, é possível ir de adjunto a titular em 10–15 anos, mas esse período naturalmente varia bastante e depende de diversos fatores.

Algumas diferenças

Newcastle UniversityOs sistemas norte-americano e britânico possuem algumas diferenças importantes. Na América do Norte, há tenure (“permanência”). Vagas permanentes são chamadas de tenure-track, ou “TT”. Nesses casos, um professor adjunto geralmente ganha sua tenure quando vira professor associado. Neste sistema, há duas opções apenas: ou você ganha sua tenure, ou você sai da universidade. Tudo dependerá da sua produtividade e de uma série de fatores (pesquisa, ensino, serviço).

No Reino Unido, tecnicamente, não há vagas tenure-track desde 1988. Ou seja, você já entra “com a permanência”, e não está em uma track: seu contrato é simplesmente aberto (mas há um período probatório). Por um lado, isso é bom: você não tem a pressão de “conseguir a sua tenure”. Por outro, é ruim: o conceito de tenure é algo quase sagrado no mundo acadêmico. Além disso, diferentemente da América do Norte, você pode permanecer adjunto (Lecturer) por décadas (mas seu salário terá o teto dos adjuntos). Na prática, contudo, vagas permanentes no Reino Unido são similares a vagas permanentes na América do Norte—embora seja possível argumentar que a estabilidade da vaga com tenure norte-americana seja maior do que uma vaga no sistema britânico.

Confusões comuns

É comum ficar confuso com a terminologia acima, especialmente porque falei apenas de vagas permanentes. Contudo, também existem termos para posições não permanentes e posições acadêmicas que antecedem os níveis já mencionados.

  • Assistant professor é um professor, como vimos. Teaching assistant (TA), contudo, é um aluno que auxilia o professor—termos similares, mas conceitos e responsabilidades bem diferentes.
  • Research assistant (RA) seria equivalente a um bolsista de iniciação científica. No Reino Unido, também é possível ser um Research associate, que implica ter um doutorado e fazer pesquisa em um determinado departamento (ou seja, uma posição pós-doutorado).
  • Lecturer nos EUA e no Canadá significa “professor temporário”. Lecturer no Reino Unido significa professor permanente em início de carreira.
  • Adjunct professor nos EUA significa “professor temporário”—há uma imensa crise de adjuntos nos EUA. No Brasil e no Québec, “adjunto” significa “permanente”.

Université LavalÉ preciso esclarecer que sempre há exceções às generalizações acima. Por exemplo, nem todo Associate professor na América do Norte tem tenure. Em algumas universidades, por exemplo, virar associado não acarreta ganhar tenure. Da mesma forma, nem todo Assistant professor está em uma tenure track, já que algumas universidades usam esse termo para vagas não permanentes também. O que descrevo aqui é o que normalmente acontece.

Tratamentos diferentes

Na América do Norte, professores em universidades anglófonas são chamados de professor, Dr, ou são simplesmente chamados pelo nome. Tudo dependerá do nível de formalidade da área e da universidade (dos “costumes” acadêmicos locais). Na escrita, frequentemente usamos Nome Sobrenome, PhD. No Québec, são comumente chamados de Monsieur/Madame Sobrenome. Na escrita, costumam ser referidos por Nome Sobrenome ou Professeur(e) Nome Sobrenome.

McGill UniversityNo Reino Unido, professores com doutorado tendem a ter Dr à frente de seus nomes (em vez de PhD após seus nomes). Serão chamados de Dr Sobrenome ou por seus nomes (novamente, tudo depende do costume local). Na escrita, todo professor será Dr Nome Sobrenome. Somente quem chegou ao nível de Professor é chamado de Professor. Ou seja, quase nenhum professor é Professor no Reino Unido (ver tabela acima).

Para resumir, um professor de nível 1, 2, ou 3 na tabela acima provavelmente será chamado na escrita de Prof. Dr. Nome Sobrenome no Brasil, de Nome Sobrenome, PhD nos EUA e nas regiões anglófonas do Canadá; de Nome Sobrenome no Québec; e de Dr Nome Sobrenome no Reino Unido. Naturalmente, há variações e diferentes títulos dependendo da universidade.


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